segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Va bene: quando o italiano me mostrou que posso ser autodidata

Parte 1

Dentre as várias críticas que tenho ao sistema educacional que se tem no Brasil e em outros países por aí, a principal é o fato das aulas ministradas darem mais relevância ao falar e às vivências do professor, e não dos alunos. E principalmente: os alunos não descobrem que podem aprender as coisas sozinhos. No nosso inconsciente, fica essa ideia descabida de que todo conhecimento novo só entrará na nossa cabeça por intermédio de outro ser humano. Não estou querendo dizer que os professores não são importantes: óbvio que são essenciais. Mas eles deveriam nos mostrar o caminho à iluminação, e não detê-la apenas para eles. 

Quando eu lia sobre Machado de Assis e via que ele aprendeu tudo estudando só, eu pensava: quem me dera! O cara foi um gênio? Um dos maiores escritores que esse país já viu? Com certeza! Porém o que ele fez não é inacessível às pessoas normais como eu e (provavelmente) você. Todos nós conseguimos descobrir novos saberes com disciplina e foco.

Talvez o que eu esteja dizendo aqui seja muito evidente, mas foi algo que só aprendi recentemente. Sempre que eu queria aprender algo, eu precisava me matricular em aulas. Foi assim com o inglês. Coloquei na cabeça que só seria fluente se fizesse cursinho e insisti muito para ser colocada num. Eu precisava ser guiada, caso contrário aprenderia tudo errado ou não sairia do básico, porque eu não era Machado de Assis: assim pensava. Balela.

Parte 2

Em 2015, eu reencontrei uma banda de garotos italianos muito fofinhos que eu costumava ouvir em 2011. Foi totalmente inconsciente: por algum motivo que eu não lembro, fiquei com vontade de assistir novamente àquele programa da Eliana onde eles foram entrevistados e ver como estavam se saindo. Quando joguei o nome da banda no Youtube, eles tinham lançado um novo clipe há três dias (coincidência ou não a música virou hit e é a mais famosa deles até o momento) e me fizeram notar que, sim, estavam indo bem demais.



Passei boa parte do ano escutando eventualmente uma canção ou outra, acompanhando os novos clipes lançados e olhando as traduções do Vagalume. Não sei exatamente em que instante da minha vida eu percebi que eu PRECISAVA aprender essa língua maravilhosa onde tudo soa bonito e encantador, o que eu sei é que na madrugada do dia 1 para o dia 2 de janeiro eu estava iniciando os meus estudos procurando por sites, vídeos, livros ou qualquer coisa útil que fosse me ajudar a cantarolar essas músicas e falar de maneira tão melodiosa. 

Comecei com o Duolingo, que eu já conhecia quando estava tentando aprender inglês, e que também me serviu quando eu quis conhecer um pouco mais de francês (não saí do nível dois mas aprendi a falar meu nome). Descobri um site bacana da Usp que oferece um curso gratuito. Fiz um perfil no Livemocha logo de cara, mas fiquei incomodada com o tanto de italiano que veio conversar comigo porque eu nada sabia e todos queriam meu skype. Migrei para o Busuu, que super indico para quem está começando do zero. Fiquei tão entusiasmada e estava dando tão certo (eu estudava todos os dias e já tinha várias anotações) que eu comprei um livro

Fiquei um tempo sem treinar porque Sisu acabou com meus nervos, perdi todos os meus créditos acumulados no Duolingo (</3), mas agora estou de volta à ativa, tentando estudar no mínimo uma horinha do meu dia, nem que para isso precise acordar mais cedo, porque a verdade é que eu estou gostando de fazer isso SOZINHA. Ir atrás, aprender a criar uma rotina, testar qual tipo de metodologia funciona mais para mim. Agora com mais ou menos um mês de contato com a nova língua, eu percebo que já desenrolei muita coisa. Já aprendi a pronunciar o R? Não. Consigo manter uma conversa? Talvez não, também. Mas o mais importante foi ter a certeza que, com meu esforço, aos poucos, vai dar certo. E provavelmente essa já foi coisa mais significativa que eu aprendi em 2016.

Também conheci o Tiziano Ferro. Definitivamente outra coisa importante de 2016.




PS.: Esse blá blá blá todo foi devido ao fato de eu (euzinha!!!) ter acabado de cantar uma música inteira em italiano num aplicativo chamado Sing! com um italiano que eu não sei quem é. Foi muito emocionante perceber que eu estava cantando despreocupadamente numa língua que me era completamente estranha até ano passado. Nenhum de nós é incapaz de aprender: junte-se a mim e vamos todos nos inspirar no Machadinho! =)

Um comentário:

  1. Lauanaaaa, concordo completamente. Comecei recentemente minha faculdade de Direito, e em um curso superior a diferença da educação é evidente. Se o aluno não se dispor a correr atrás dos seus próprios conhecimentos, ler livros sozinhos, e andar por suas próprias pernas, nada acontece. Adorei.

    ACESSO PERMITIDO. ♥
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