domingo, 15 de setembro de 2013

E daí que Gabriel García Márquez entrou na minha vida

Não há sensação melhor do que estar à toa olhando os livros da estante da biblioteca da escola, e ver, lá no topo, bem apagadinho, velho e aparentemente sem graça o livro que era exatamente aquele que você queria, mesmo sem nem estar procurando por ele. E foi melhor ainda porque você teve que devolver o mesmo há pouco tempo, pois ele era emprestado e o prazo ia acabar sem que você tivesse a mínima possibilidade de ler por estar cheia de coisas para fazer. Sabe o que é largar o seu livro preferido da vida no terceiro capítulo? Sabe o que é saber que aquele livro será o seu preferido desde a primeira página? Sabe o que é ter que devolver seu livro preferido sem lê-lo e depois, num estouro de alegria, encontrá-lo gritando seu nome enquanto quase salta da estante para se aconchegar nos seus braços?

Foi exatamente essa relação que tivemos eu e Cem Anos de Solidão, do Gabriel García Márquez. Já tinha ouvido falar muito do livro, mas só por alto, e comecei a lê-lo sem saber nada sobre a história. Foi amor à primeira linha, acreditem. Não sei explicar o que sucedeu, só sei que eu não queria fazer mais nada da vida além de ler, ler e ler... Ler até o mundo acabar e só ler, simplesmente porque o livro é incrível, é diferente de tudo que eu já li na vida e o autor é um gênio.

Como eu disse, tinha pego o livro emprestado, mas tive de devolvê-lo porque eu odeio não entregar as coisas no prazo, e também porque eu só estaria livre para ler depois de umas duas semanas, uma vez que mal tive tempo de respirar entre o tempo decorrido entre feira de ciências e provas. Já estava amolando minha mãe a um tempão para me comprar esse livro até o momento incrível já descrito: achei-o na biblioteca da escola. E eu já conheço aquilo ali de cabo a rabo, não sei como não vi esse livro lá antes, por isso que eu repito: ele gritou por mim, é recíproco.

O livro é bem confuso, isso é tão verdade que eu acabei de lê-lo ontem e não sei mais quem é filho de quem. Existem muitos Aurelianos e Josés Arcadios na história, sabe? Sempre que nascia um menino o nome era um desses, e quando nasciam gêmeos os dois se chamavam assim. Daí que eu esquecia quem era quem vez ou outra, mas isso de jeito algum deixou a leitura menos gostosa. Cem Anos de Solidão fala sobre a estirpe dos Buendía, a história dessa família durante cem anos. Começa com Úrsula e seu marido, José Arcadio Buendía, vivendo na recém-fundada cidade de Macondo, um simples agrupamento de pessoas que viviam sem qualquer tipo de tecnologia, viviam da forma mais primitiva possível. No decorrer do tempo, vemos os seus filhos nascerem e seguirem seus caminhos,  vemos seus netos, bisnetos e tataranetos fazerem o mesmo. Vemos a cidade evoluir e ganhar um trem. É o simples relato de vidas, de momentos, mas, ao mesmo tempo, é uma complicada reflexão sobre muitas coisas, principalmente sobre solidão.

Acho que esse é o primeiro livro de realismo fantástico que eu leio. Se eu li outro, não lembro. Mas o que eu entendi desse gênero é que é normal acontecerem coisas do tipo panelas flutuarem, ou pessoas que não dormem durante meses, ou gente que come terra, ou um homem que atrai borboletas e afins. Não sei se é uma característica de todos os livros que são assim, porém esse, em especial, é muito engraçado. A leitura é muito divertida e a melhor hora do meu dia era quando eu pegava esse livro para ler. Não consigo descrever o quão perfeito ele é e nem o quanto eu adorei o final.

Pretendo ler toda a obra do Gabriel García Márquez para ontem. É necessidade. Já dei umas fuçadas por aí e vi que ele tem vários livros, que acredito que sejam tão bons quanto esse. Na verdade, eu queria me chamar Gabriel Garcia Márquez para sair perguntando às pessoas se elas já leram Cem Anos de Solidão. Se elas dissessem sim, eu encheria o peito de orgulho e declararia "eu que escrevi!".



Nenhum comentário:

Postar um comentário