domingo, 18 de novembro de 2012

Minha primeira - e talvez última - biografia

Eu acho uma beleza ler biografias de pessoas que de algum modo subiram na vida. Ler, ok? Não escrever.
Mas aí o professor me pede para escrever uma autobiografia. Eu teria me saído melhor escrevendo sobre qualquer um, menos sobre mim mesma. Porque eu estou aqui, do lado de cá. Eu não me vejo. Não me escuto. Não me julgo. Se não me alertarem, posso até não perceber que fiz coisa errada.
Além do mais, o que eu tenho para escrever sobre mim? Eu mal comecei a viver, não faço nada de interessante e, acreditem, sou muito chata. 
Então, fiquei me matando de pensar, perguntando a minha mãe o que eu tinha feito com tal idade e olhando fotos. Descobri que não foram quinze anos totalmente perdidos (quer dizer, 16 daqui a dois dias).
ok, estou ficando velha, mas parabéns para mim
Lembrei que aos três anos a escola era a minha pior inimiga (sim, eu lembro vagamente). Chorei horrores durante os primeiros dias, mas depois eu queria ir para lá até nos fins de semana. Mais velha que isso um pouco, eu costumava fingir que lápis eram pessoas. A brincadeira tinha toda uma lógica inventada por mim, coisa de filha única que não tem com quem brincar (na verdade, tenho irmãos, mas sempre morei sozinha com a minha mãe). Eu juntava várias caixas de coleções e agrupava os lápis de mesmas cores em "famílias". Aí saía apontando uns para eles ficarem menores e serem os filhinhos. A bolsinha de lápis era o carro escolar que levava as criancinhas para a escola. Sem contar que existiam namoricos. Geralmente, as coleções azuis namoravam com as rosas e as verdes com as laranjas. Enfim, vocês podem acreditar ou não, mas eu chegava a passar tardes inteiras entretida com os benditos lápis. 
Eu amava mais que tudo ver minhas primas para brincar de escolinha. Era o máximo para mim elaborar e corrigir provas, mas a brincadeira nunca durava muito porque eu a levava muito a sério. Como eu era mais velha um pouco, tinha uns conhecimentos a mais e fazia provas "difíceis". Queria porque queria que as meninas estudassem de verdade e aí a brincadeira acabava. Por isso que acho que não tenho jeito para ser professora. Eu iria ser muito má, seria odiada por todos os alunos. 
Minha formatura, aos 7 anos, foi cômica. A gente tinha ensaiado coreografias de várias músicas e a saia que eu estava por baixo do vestido era folgada demais para mim, então eu ficava a subindo toda a hora. Subia mais a saia do que dançava! Mas foi muito lindo, mesmo naquela idade, ver minha família na plateia. Mesmo que eles não tenham ficado até o fim, fiquei em êxtase por saber que tinham ido só me ver.
Eu fazia umas poses engraçadas ao bater fotos, tem uma em que eu pareço estar com o pescoço quebrado de tanto que eu o inclinei para o lado. 
E o que falar sobre a primeira vez em que me mudei? Quer dizer, segunda. Na primeira vez, era um bebê. Fiquei lendo histórias em quadrinho a tarde inteira enquanto minha mãe com minhas tias empacotavam as coisas. Quase morri naquele dia e chorei demais ao me "despedir" da casa. Fui em cada cômodo para dar um tchau. Sinto muita falta de lá! Quando me mudei tinha uns 8 anos, nunca brinquei com os meus lápis na casa nova, que é, inclusive, a que resido até hoje. 
Eu aprendi muitas coisas nesses quinze anos. Digo, todo mundo aprende, mas o meu caso penso ser um pouco diferente. Eu realmente amadureci, especialmente durante esse ano. Comecei loucamente a me perguntar e querer respostas. Às vezes isso é um problema, mas eu agradeço por não ser uma adolescente "cega", o que é comum nos dias de hoje. As pessoas com quinze anos só querem saber de curtir, curtir e curtir. Esquecem que tem um futuro para planejar. 
No fim da autobiografia, brinquei pedindo desculpas ao professor e dizendo que, quando ganhar meu Nobel (é um sonho antigo: ganhar um Nobel. Medicina ou Literatura. Imaginem só!) alguém escreverá uma biografia melhor que aquela. O que não vai ser muito difícil, levando em conta que ela tinha apenas três páginas e que eu enchi de fotos para ocupar espaço (detalhe: tinha que ser feita em inglês, então mais fotos e menos palavras!).
Não há coisas mais interessantes sobre a minha vida do que essas que relatei (pelo menos, se houver, não me lembro). Minha vida não foi ruim, meus quinze anos não foram ruins, só para constar. Mas eu sinceramente espero que venham anos melhores.
Quando eu ia completar meus quinze, escrevi um texto sobre. Para manter a tradição, estou escrevendo este. Vocês precisam fazer isso também! É tão bom ver como evoluímos sem notar. Os anos passam, eu sei; você vai envelhecendo, mas, com a idade, a maturidade vai chegando e você passa a enxergar a vida com olhos diferentes. Com olhos um ano mais velhos!
A gente pensa que o tempo passa rápido demais. Contudo, é só olhar para trás e ver o quanto seu eu de hoje é diferente do eu de 2011. Um ano, minha gente, é tempo até demais.

Um comentário:

  1. Interessante. Eu tinha um diário onde no final do ano eu escrevia as últimas páginas como uma espécie de autobiografia temporária (mais ou menos isso).Coisas que só eu li (não havia blog na época,claro). Hoje, ainda reflito sobre minhas predileções, isso ajuda a construir minha vida. O tempo é um estado de consciência, ele é relativo.

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