domingo, 15 de julho de 2012

Refúgio

Ainda não cheguei a esse patamar. Minha bagunça (ainda) concentra-se apenas no guarda-roupa, hein?
Lembrar de coisas boas é tão bom. Se dar aquela geral no seu guarda-roupa tem um lado positivo, com certeza esse é encontrar boas recordações. Coisas que te marcaram muito, mas que com a correria você acabou esquecendo. Esqueceu de como estava feliz naquele dia. Esqueceu das pessoas que gostou um dia. Esqueceu dos presentes que ganhou. Esqueceu dos momentos que passou com aquela roupa bonita. Esquecemos muito fácil. Muito mais fácil do que lembramos. Preferimos nos concentrar nos momentos ruins. Nos problemas. Nas infelicidades. E esquecemos tudo de bom que vivemos - e, podem apostar, foram muitas coisas.
Hoje, arrumando a parte do guarda-roupa onde eu guardo livros e papéis, foi isso que aconteceu. Lembrei de tanta coisa! Vi meus testes e provas antigos, vi uns trabalhos e me lembrei de como eu os tinha feito, li muito texto besta sobre assuntos mais bestas ainda. Não tive coragem de jogar nada fora. E podem me dizer que eu não posso me apegar ao passado e tenho que focar no futuro. Mas eu morro de pena, gente. São pedaços meus, ali.
Não quero pôr fora minha reportagem sobre trabalho na adolescência que foi feita em grupo e na qual eu entrevistei um professor e o porteiro lá da escola. Me senti o máximo escrevendo "nessa entrevista exclusiva". Não sabia que soaria tão cômico depois de um ano.
Não tenho coragem de jogar fora o meu mini-livro "A Certeza do Caos", que foi um trabalho de história sobre a Primeira Guerra Mundial. Deu um trabalhão, principalmente porque só tivemos uma semana para fazer tudo, mas foi gratificante ver meu 10,0 no final.
Recuso-me a jogar fora minhas provas do 6º ano. Minha letra era horrível e é bom lembrar dela. E minhas redações? Aquelas fofuras cheias de erros.
Dentre tantas outras coisas...
Sabe, por mais que eu não perceba, evoluí. Cresci, aprendi a argumentar melhor, a escrever melhor, melhorei a letra... e um monte. Lembrar disso me renova.
Não jogo fora de jeito nenhum porque, se eu já esqueço tão facilmente dos bons momentos tendo tais coisas em meu poder, imagina se eu me livrar delas? Vou querer lembrar e não vou poder. Quando eu estiver me sentindo frustrada e a pior pessoa desse mundo, já sei ao quê recorrer: aos meus papéis e cadernos velhos. Lembrarei que sim, já vivi boas coisas. 
E, no fim, o guarda-roupa nem ficou lá essas coisas. Continua entupido de papéis que, para muita gente, só ocupa espaço, mas que, para mim, são um refúgio particular.

Um comentário:

  1. Esse ano fui revirar um baú (sim, baú!) de livros e cadernos para procurar um suposto livro do pequeno príncipe que eu tinha. Não achei, mas achei coisas mais valiosas, tipo um diário de quando eu tinha 7 aninhos e meus livrinhos infantis que lembro de ter dado muitas risadas com eles. Foi uma sensação incrivelmente boa! Ainda esse ano fui dar uma arrumadinha no meu armário e achei uma carta decepcionada de uma amiga e uma flor de papel que o primeiro menino que tive um rolinho fez pra mim. Fiquei triste, amarga, porque faz parte das lembranças cruéis, muita memória boa e ruim junta, mas acho que é essencial para descobrirmos quem fomos um dia e quem somos agora. :)

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